Vivemos a nos esbarrar, Belo Horizonte, desenhando nas mãos as curvas do contorno da Serra, angariando ar para respirar diante das montanhas e das colinas da vida; reinventamos o nosso caminhar, pedalando pelos mares de morros e pelos vales absortos que compõem o cotidiano do tempo; somos amor e somos tormento a lacrimejar os bares de luzes piscantes que piscam o vento de vontade, continuidade e esperança.
Imaginamos um caminho; uma cidade a se enfeitar de destinos e possibilidades, os muros e as pinceladas de tinta que amortecem a solidez do frio; menos concreto e mais abrigo para os desatinos inoportunos que acometem uma mente pensante, flutuante, à levitar pelos horários de trafego e de trânsito, de calmaria e de transe.
Somos dezoito vozes a gritar e a girar pelos bolsões de força centrífuga que serpenteiam os prédios e os tédios mundanos, acreditamos e sonhamos que vivemos no calor da mudança dos tempos, a revolução e seus contratempos, retratamos a história e os astros, aqui e agora, equilibrando nos dedos uma invenção ordinária do espaço.
Sem direção, mas com sentido, adiantamos o barco para o desfiladeiro do horizonte, apontamos a proa para a sobrevivência inconsciente do Artista, nascemos e crescemos e morreremos a descortinar a existência da vida; somos para-raios engolidos pela névoa envolta na chuva, piscamos e alertamos a aproximação do risco, arriscamos e sentimos o desafio invisível do futuro; não tememos, asseguro, não temer vamos jamais.