Semana do Corre Contemporâneo
Curadoria Calma
Fotos Lucas Cancela
Texto Bernardo Biagioni
13 Novembro, 2019
Estes são os postais de uma cidade imaginária desenhada por pessoas iluminadas que reinterpretam a paisagem urbana. Dizer que somos corredoras e corredores é uma limitação da experiência coletiva que agora habita o nosso cotidiano. Lembrar que somos também caminhantes é uma inspiração para seguirmos em movimento. E pensar que formamos hoje essa família de velhos desconhecidos é um nutriente muito especial para o acaso do presente, passado e do futuro. Há de se saber que esta jornada está apenas começando.
Do Coração do Horizonte da Cidade que sempre se pautou pela Falta das Coisas, hoje inflamamos as ruas, esquinas e avenidas com um grito que inspira a presença e o pertencimento. Estamos lá fora dias atrás de noites para contar para todo mundo que habitamos Belo Horizonte, este reduto de montanhas no coração das tais Minas Gerais, de onde tanto se tiraram – e que hoje ficamos para abraçar, acolher, plantar e colher a existência dos nossos corpos, pensamentos, intenções e motivações. Somos novos aqui.
Nosso Lance é Coexistir. Já nos projetamos maiores que os carros, os ônibus e os tráfegos, mas hoje entendemos que a cidade deve ser semeada, partilhada e compartilhada. Corremos no Ritmo do Grupo. Alguns de nós já competiram o bastante para entender que a corrida pode ser também um encontro de celebração à cidade e às amizades. Nosso Corre é um Momento de Criação. Estamos lá fora para descortinar essa cidade de faltas. Visitamos todas as regionais de Belo Horizonte com a intenção de ver a cidade como paisagem.
CALMA, porque a vida rotineira clama por muita pressa. CLIMA, porque a vida também clama por movimento. CREME, quando tocamos nossos pés na terra. CLIMANAS, porque as mulheres tem o poder. CANGA, porque se fortalecer é essencial. CLIMANJO, porque se você consegue andar, você também consegue correr. CRIME, porque queremos tomar de volta os espaços e os limites que nos foram impostos ou cerceados. Qualquer que seja a categoria, nossa intenção se encontra no desejo comum de estar lá fora.
Apresentamos esta exposição para celebrar e para agradecer à todxs xs corredorxs livres e calminantes marginais que desenham esta história com Calma. Viver em Belo Horizonte é um exercício. Correr é um hábito. Formamos hoje essa teia incandescente de seres mágicos à redefinir a tradição utilitarista das coisas. O céu é o limite. As montanhas são os caminhos. Viver entre todos nós tem sido uma espécie de abrigo. Que privilégio que é habitar o presente das nossas vidas, corpos e narrativas. Que juntos, sigamos!
