Fernando Biagioni Texto e Fotos Bernardo Biagioni 8 de Julho, 2015
Eu não sei quando esta cidade acordou cinza – prédios e tédios serpenteando o horizonte em desvontades ternas. Mas lembro que, quando começamos a pedalar, um universo de cores, caminhos e sentidos logo se descortinou diante das vias e avenidas que percorri por tantos anos sozinho.
Uma revolução silenciosa, sinto. Gesticulando o vento e esbarrando em encontros ao acaso; nossas palavras trocadas enquanto desbravamos arquiteturas, parques, praças e passeios públicos raros e cerceados. Fugimos às montanhas, aos vales e aos bosques encantados pelos segredos reais. Somos livres aqui.
Liberdade para ir, vir, e para sentir na alma a transformação do tempo. Pedalando para o passado, apontando para o futuro, rescrevemos a história da mobilidade, do caos, do trânsito, do tráfego, do urbanismo, do horizonte. Uma centelha desordenada que palpita da chama apaixonada de resignificar a vida na cidade.
Fernando Biagioni apresenta um retrato das bicicletas. Fotografias em fine art e fotografias analógicas, reveladas em um darkroom improvisado em seu quintal em Itatiaia; registros atemporais de 25 anos dedicados ao ciclismo urbano, à mountain bike, freeride, downhill e qualquer outra modalidade.
Porque somos a força humana que impulsiona a mudança. Giramos com os pés os instrumentos de um compasso musical que desenha o asfalto de cor, de amor, de desassossego. Um suspiro de silêncio percorrendo as veias de uma mundo gritante. Somos a revolução. Do passado, do futuro e do presente.