Clara Valente Texto Bernardo Biagioni 11 de Setembro, 2019
O prenúncio de um novo tempo. Feito fogo em cerrado quente, é iminente a sensação de tatearmos a existência deste momento presente. Cá estamos de novo. Embaralhando as nossas ânsias e anseios sobre a mesa posta, revirando toda nossa infelicidade indisposta para fazer florescer o jardim do quintal do cultivo que ninguém regava mais.
Entender a paisagem toma tempo. Desenhar nas curvas do horizonte a silhueta da resiliência diminuindo as chamas que condicionam nosso mal-estar. Demanda atenção, presença e pertencimento. Plantar é uma forma de amar.
Clara Valente faz retratos do silêncio. São expedições rumo ao caule da flor que se espreita entre a terra umedecida de dor. Vasculhando os nutrientes da saudade, as tristezas e as felicidades que germinam o sentimento de um tempo. Estamos vivos, aqui e agora, nos encostando em ruas e bares como forma de amar e de sermos amados.
O amor que devasta também cura. Primavera é a estação de devastar o inverno dos nossos sentimentos aquedados de frio. Este é um convite para voltarmos a sair dos nossos abrigos. Olhos nos olhos a sonhar o despertar de sonhos intranquilos.
