Alexandre Rato Texto Bernardo Biagioni 7 de Dezembro, 2016
Por onde estamos a vagar senão pelo árido sertão da existência – escute o corpo e a clemência que tateia os asfaltos que golpeiam os goles de água em evidência – estamos velejando a natureza da iminência, nos esquivamos de encarar os rios e as artérias, as árvores e as misérias; enquanto o universo segue a conspirar a sobrevivência da matéria.
Floresce portanto a resistência do artista, inóculo observador das desavenças anunciadas pela resiliência que habita os jardins invisíveis dos quintais; há quem esteja semeando e plantando e colhendo o equilíbrio da vida, regando as folhas e os mananciais, protegendo as flores e os animais que perambulam afoitos pelo cais.
Pois que se plantando tudo dá – e Alexandre Rato se colocou a espalhar o pólen que multiplica a proliferação da vida, os personagens reais que habitam os sonhos despreparados das capitais – as cores, as dores e os amores que frequentam os labirintos astrais da inocência, estas crianças que alimentam a esperança dos rios, dos frios e dos abrigos que não encontramos mais.
Faz florir a abertura dos tempos, estes singelos florais que realizam a miragem do sertão, desabandonam os vales e as serras, os campos e as terras que foram esquecidas pelo desprogresso do futuro; planta-se aqui o pólen do sonho que se desmancha em pétalas de plumas de plantas de flor que adubam o mundo com lágrimas violetas.