DMS Texto Bernardo Biagioni Fotos Léo Bicalho 20 de Novembro a 19 Dezembro, 2018
Toda vida é sagrada. Dobram-se as décadas, as eras e as estações do tempo. Há 20 anos Davi de Melo Santos começou a reimaginar os caminhos do cotidiano. O graffiti em Belo Horizonte engatinhava, crescia e emergia para além da superfície da marginalidade. Davi tateava os céus com os pés no chão. Com uma lata de sobreaviso, escrevia suas primeiras impressões nesta cidade acalorada pelo futuro.
Personagens místicos e paisagens desencantadas. Os caminhos logo levaram o artista para deixar o Brasil para viver na Itália. Davi se assombrava com Michelangelo, Da Vinci, Rafael e tantos outros tantos seres iluminados que desenharam templos e catedrais. A arte sacra e a espiritualidade tomaram parte do seu trabalho. Em promíscua e aventurosa relação com o corpo, com os corpos, com as relações mundanas que são construídas entre o imaginário e a rua.
Do contato com mestres do muralismo, nasceram novas interpretações do universo em transe. O peixe, personagem sempre presente na linguagem recente, traz em si todo um sentimento de purificação latente. Uma simbolização silenciosa de uma íntima e desafiadora transformação interior – e anterior – que assistia o passado se guardar de levar. Um mergulho dentro de si próprio, uma navegação pela inconsciência humana.
Uma viagem ao Universo Interior que nunca se finda. Das repetições às experimentações, DMS se fez um retratista do sonho que consegue ver. Das paredes às telas conta a história dos tempos em que estamos vivendo. São duas décadas dedicando o olhar para prescrever o conflito que encontra harmonia em si. Sempre leal a se lembrar: toda vida é, sim, sagrada. E que devemos todos juntos nos juntar para lutar e celebrar.